Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06

sábado, 31 de março de 2012

Radicais Livres

Emblema de Taberna
By Soaroir
Março 31/2012



Se eu não fosse quem sou,
nasceria em Itabira,
ou em algum lugar das Highlands.
Olharia o mundo através de janelas largas,
entenderia melhor as névoas, as neblinas
sobre os campos verdes e perfumados
pelos lírios silvestre.
Seria rainha dos Icenos
e me chamaria Boudica.
Se eu não fosse como eu sou,
viveria perplexa
diante dos mil cérebros,
não atravessaria a rua
para olhar os meus sonhos de perto.


(Emblema de Taberna)
By Soaroir
Março 31/2012


(http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=245783#ixzz31yDqH0SC)

quinta-feira, 29 de março de 2012

Ingenuidade do Homem
By Soaroir
29/03/2012




Gilbert Garcin, Change the World, 2001.


Não chega a ser antropofobia, mas cada dia mais diminui minha admiração pelos seres humanos, que em seus pacotes herméticos com fissuras voltadas somente às próprias trouxas de preceitos e intolerâncias, como se somente o outro precisasse de remédio para dor, não deixa brecha para os que vivem em diferentes embrulhos.

Neste reino tão, tão distante do meu canhestro mundo começo a ter medo de gente. Já não sei mais quando abrir a boca, me interessar pelo problema do próximo ou procurar saber o resultado de determinado assunto a mim relatado. Além me ater “vou bem” quando me perguntam “como vai?”, fico cada vez mais distante do pertencer a alguma coisa, lugar, associações em geral. Isso me faz sentir na pele do poeta: Nunca conheci quem tivesse levado porrada.¹ ,pago mico, sentisse necessidade de reaprender ou se reinventar.

Tudo é tão previsível! O final dos contos, o arremate dos sonetos, o desfecho dos crimes; o retorno do herói e a volta para o passado...Chega a ser bucólico ver a ingenuidade do homem de boa fé.



¹poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Autópsia Psicológica

TABACARIA



Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928
(Fernando Pessoa)

Senhora do Tempo


(aguardando texto)

Vem Pascoar Comigo

Soaroir
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segunda-feira, 26 de março de 2012

Sinais da Poesia

(com autorização da autora)

GRAMATICAL
 Patrícia Zago

 Ah! Amo pontuação na poesia,
Aspas, pontos de exclamação,
Dois pontos, vírgulas!
As regras regem no papel
Uma ordem que me fascina!
Traduzem nossa emoção
Mais do que perfeitamente,
Dizem tudo o que é preciso
Com um toque de mestre!
As aspas para se dar ‘ênfase’,
Exclamações são um grito
De admiração, dor ou alegria!
Os dois pontos alertam:
Aí gente vem algo explicativo!
Já as vírgulas, essas lindas,
O nosso fôlego recuperam,
Entre um verso e outro
Que seja assim mais extenso,
Ah! Que pontuação bendita!
São tantos os recursos
(Parênteses), ponto e vírgula;
Três pontinhos...
E os pontos de interrogação?
Esses também são bem-vindos,
Posto que são tantas
As indagações que povoam
O nosso imaginário de poetas!
Que de quebra ainda deixam
Mil respostas em aberto...
Nas mentes dos apreciadores
Dessa bela expressão d’arte
Escrita em versos, com esmero!

P.Z.


I hate cigaretts

Se eu quisesse...
peia, laço, armadilha...
By: Soaroir Maria de Campos - 01/11/07 16:11



se eu quisesse deixaria de rodeios

direto descartaria o maço

assumiria a imbecilidade que faço

empobreceria o algoz

denunciaria a lei acochada ao laço.

se eu quisesse,

abandonaria meu vício

processaria o cavalo, montaria

Philip, Morris, Burnett

e de McLaren a McLean

seguiria tim-tim por tim-tim

cobrando o que eles antes

nunca disseram para mim.

..."Fumar faz mal à saúde""...

domingo, 25 de março de 2012

Engraçadinhas




Desculpe-me perdi meu teddy bear...
Voce dormiria comigo esta noite?



Sometimes I wish I was a little kid again...
skinned knees are easier to fix then broken hearts.
(unknown)


Soaroir
        

sábado, 24 de março de 2012

AntAgonia

Antagonia
Soaroir
31/5/10
 
foto/Stefano Martini


quê seria da princesa
sem a feiticeira e a fada
quê seria do príncipe
sem a vitória régia
um brejo e um beijo...
e o poeta então
quê seria dele
não fosse a metamorfose
em alegria, da tristeza
e da saudade em poesia...

sexta-feira, 23 de março de 2012

PRELÚDIO DA VOLTA

PRELÚDIO DA VOLTA
Soaroir - 10/03/07



Movimento irrevogável
Fim e começo
Morte do início

Estrelas em pó candentes
Vidas em sementes
Gérmens do silício

Replicante mutação
Causa, não conseqüência
Razão da evolução

Ateus até cristãos
Fédon a druidas
Viram ressurreição.


(em dueto em:http://pote-de-poesias.blogspot.com.br/2007/03/preldio-da-volta-prenncio-da-partida.html)


tema "Ressurreição" 
para http//ecosdapoesia.net

quarta-feira, 21 de março de 2012

Poemas de Outono

By Soaroir
http://pote-de-poesias.blogspot.com.br/2012/03/ceu-de-outono.html


Prelúdio do Outono

Os cheiros que o sol suscita
trazem sentimentos santos
engraçam a inspiração
alardeam belos cantos
De manso vem o outono
destoante estação,
prometendo primaveras
antes do próximo verão.

Soaroir 11/3/07



The Leaves Are Green
Old Rhyme

The leaves are green, the nuts are brown,
They hang so high they won't come down.
Leave them alone till frosty weather,
Then they will all come down together.

sábado, 17 de março de 2012

De Repente Gone

O Mote do Dia

improviso sobre a solidão e/ou o sol
http://www.pote-de-poesias.com/visualizar.php?idt=3186574

De repente
“Gone...”
Soaroir
16/1/09

de repente como se um intruso
violasse meu esquecido túmulo
coberto de antigos húmus,
e plantasse vegetação rasteira
e trepadeiras, a emaranharem-se
entre minhas grades de proteção
...
preciso desligar o computador -
se o mundo não acabar
volto assim que a tempestade passar
...
misteriosamente como foi, o sol voltou
e eu não consigo mais falar da solidão..


Vegetação
parte I
Soaroir Dez. 4/2010
(releitura de De repente -16/1/09)

de repente como se outro intruso
reviolasse meu corpo e prumo

no esquecido túmulo escuso
por antigos rélis humos

plantasse verdes musgos
desenterrasse enaltecentes lápides
próprias dos defuntos remanescentes

Soaroir em 04/12/2010                 
                

As Pedras do Meu Caminho

As Pedras do Meu Caminho

 
Caminhando pisei em seixos
massagem em meu pés
exibi facetas pro meu ego
quilatação

Dos calhaus desviei
dos penedos evado
por vezes tropiquei
lapidagem

Rochedos me acolheram
baguetes com quilates
refleti quinquilharias
quilhas

Arrecifes não me encalharam
açambarco a vida a remo
varejos, arremesso e lanço
cordilheiras

meu caminho de pedras
precioso

Soaroir Maria de Campos
São Paulo - 03/05/07

sexta-feira, 16 de março de 2012

A Trilha Sonora da Minha Vida




Eu danço porque o som existe

e a trilha é a da vida que me toca.

Já sonhei em temas de cinema

dr. Kildare e Love me Tender.

Empreitei fugas em tangos,

valsas e boleros estonteantes.

Blue Moon é uma das favoritas

das tantas trilhas de minha vida.

Na pista de Mágicos Momentos

persigo em tom alegre ao piano

trilhas que eu reconheço

me convidam para dançar.

Candles and Happiness




Thousands of candles can be lit from a single candle, 
and the life of the candle will not be shortened.
 Happiness never decreases by being shared.
 Buddha


Milhares de velas podem ser acesas
a partir de uma única vela
e a vida da vela não será encurtada.
Felicidade nunca diminui ao ser compartilhada.
Buda

quarta-feira, 14 de março de 2012

Comemorando a Poesia

Um Poema de Criação
didicado a meus filhos e neto



       "o meu poema perfeito"








embora seja eu mesma que diga,

a poesia que eu faço por último

é estupidamente a mais notável.


na mais recente, lancei mão de epítetos,

brinquei com a aliteração

fiz fantásticos jogos de palavras

todas derivadas de mim.


não acredita?! Vá atrás dela

eu sei que você vai gostar

mas veja bem...ela não fala de falências

principalmente na primeira pessoa;

de navios fantasmas ou de amores d’além mar.


coragem... vá em frente! Você merece

conhecer a minha poesia mais brilhante


é sobre as estações

.......... algumas flores, e minhas vinhas.


© Soaroir de Campos
adotado em: 20/01/10
Brasil

sábado, 10 de março de 2012

A Arqueira

A Arqueira lyrics:
serenidadeby/Soaroir


boudicca/female Scottish warrior
Não. Não conheceria a serenidade
se não tivesse bebido da água salobra
estrepado os pés pelos desfiladeiros
enquanto envergava o olmo
e torcia as fibras para meu arco e flecha

Com a apinhada aljava
de reflexões e aceites
e melhor alça de mira...
já posso ser pacata arqueira

nota da autora:lembrei-me de quando praticava arco e flecha
e da serenidade exigida p se atingir o alvo.



The Archer

(Poetry)
The Archer
Mote: "Serenity"

No. Wouldn't know the serenity
If it had not drunk the brackish water
Clacking feet through the canyons
while bent the elm
and twisted the fibers to my arch and arrow
With the quiver full
of reflections and acceptations
and the best backside
I can now be a quiet archer

http://lyricstranslate.com/en/translator/anycolder

Um Quarto Familiar

(de adolescente)
Por Soaroir 25/3/09


Uma porta, três paredes e uma janela
Na empoeirada escrivaninha um PC
Sob ela fios ligados para todo lado
CDs despencando das prateleiras
Na fachada enfeitada por bandeiras.
Gil Vicente é (só mais) um peso de papel
Salva vida de formas e grandezas
Entre outros volumes, meias, tênis e jeans
Boiando a deriva num mar particular -
Espaço onde se entra de costas
Para não deixar de olhar pra frente.

Escrita Constrangida

Lipograma


A-


Tédio
soaroir 26/10/09


…fome
ôco no pré-duodeno
no imo, no sentimento
escôo dos elementos
extremos sem termos
de fins ou de meios;
debilitude - entorpecimento
do privo no privo:
nos cômodos, no colo
no desejo de questões
no denodo ou no medo;
esmorecido de comer –
cornucópios ou insultos
nem ódios, pelouros e fitos
desprezos – sustentos
frescos nem dormidos.

Com o Vento do Oeste
© Soaroir de Campos
São Paulo/SP


hoje direi do vento

dele que vem como sutil sineiro

indivisível e fecundo sobre morros e ribeiros

cortês sementeiro de todos os sentidos

de sebes, de flores, de eleitos e escritores

só hoje, pelo menos hoje, deixo os trovões e

os tufões dos ventos do Norte e do Sul

invoco Zéfiro que comigo sobrevoe

neste meu tempo bom

de equinócio do Sudeste.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Perdido na Net XXXVI

              No Banco do Tempo

"Amor é luz, fecundas manhãs que enterneceram"
Foto e poesia vencedoras do concurso

Foto eo "Love is in the air" -

Imagem  (1990) e texto Copyright Soaroir

A primeira é de casamento
Depois as da lua de mel
As da barriga de perfil
Seguidas das flores na maternidade
Das carinhas sujas de macarrão
Do futebol no ginásio,
As da primeira comunhão
De repente a de formatura
Com a beca de doutor
Vistas agora sobre meu piano
Nem parece que o tempo passou...!

(p poesia on-line do RL)
Soaroir 26/05

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher Madura


Cajá


Mulher Madura

(reedição)

MATRIX
®Soaroir 5/11/07 – 12:45hs
p/Poesia on-line do Recanto das Letras


Domina o clã

À distância

Administra a filial

Sua especialidade,

Sinceridade...?

É a sua cara-de-pau.

Quando há deficit

Demite o gerente

Abraça sozinha a causa

Negocia os valores

Muda de aplicação

Pagos os micos e os juros

Em pró da emancipação

Dá-se ao luxo de bem dizer

Em rima e às vezes não,

Que mulher madura

Não é mais a menina

Nem a melanina!.

Aparece o buço,

Procrastina.

Ela sente os efeitos,

Revê seus direitos.

Cobra mais de si

Os malfeitos.

Perde emprego,

Adultera o apego;

Enfrenta a pausa,

Encontra sossego:

Degusta o gozo

Jovem e licoroso,

Bordeaux ou blanc

Mais gostoso.

Descartada a agrura,

Prefere a brandura;

Deleitea-se com a vida

A sempre mulher...

Agora madura.


Publicado em: Pote de Poesias

Mulher de Cafarnaum

Mulher de Cafarnaum
"falando da mulher"
By: Soaroir Maria de Campos




Para este Dia eu queria
Fazer versos soltos,
Poesia.
Por isso, elejo Maria,
Que já d’antes d’ Al Corão
Dês de antiga ramaria
Se não sai filho varão,
Mulher é tudo Maria.
O mundo está cheio delas.
Há Maria em todo o lugar.
Umas com tristezas,
Outras com alegrias,
Umas pra unir,
Outras pra abjugar,
Tem a Maria de benzer,
A de partejar, cozinhar,
A livre, a em degredo,
A faustuosa, ou arremedo.
Haverá sempre uma Maria
Disposta a nos zelar,
Ou ainda nos achincalhar…
Há aquelas que perdem o pé,
Chegam a lugar nenhum,
Fingem ser o que não é,
E se acabam como "Egum".
Mas, há as Marias que dão certo!
Ah! Essas são outras mulheres,
Têm em si o seu mister.
As outras nem chegam perto
Pois não as vêem como mulher!
Tem as Marias que cantam,
As que nasceram para encenar,
Há aquelas que encantam,
E as que vieram para julgar.
Há as que inspiram melodia,
Da Escócia à Minas,
Da Grécia até a Bahia,
Rimam mulher com Maria.

Já houve grandes mulheres
E grandes muitas anãs.
E sempre uma é Maria
De avós, mãe e irmãs.
Marias também são bruxas…
Têm muitos poderes mágicos,
O que as confundem com puxas,
E outros xingos mais tágicos.
Sendo nós a maioria,
Vamos nos valendo da fantasia
Para vencer a tirania
Que a vida nos expia,
Enquanto enfrentamos nossa sina,
A que sobrevivemos por teimosia.
Embora tal sorte traquina,
Nem a todas torne heroína.
Quando o destino nos contraria
Viramos fera, alga coralina
Incrustadas em algum mar
Até quando a dor termina.
Hoje somos todas Marias.

Mulheres Marias…
Que mais temos em comum,
São as forças d´alquiler
Brotando em tempo murum
Como filha, mãe e mulher
Confiando a Deus os nossos
Com a mesma determinada coragem
Da Maria de Cafarnaum.
A nossa Santa Maria
À quem nos ajoelhamos pra rezar
Nos templos, abadias…
A mesma à quem aqui rogo:
Zelai por todas nossas Marias!
Soaroir Maria da Campos-27/03/05

(breve adaptação para este dia)
P/Poesia on-line "falando de mullher"

 Soaroir em 06/03/2008
Reedição 8/3/12
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (©Soaroir Maria de Campos em "link para obra original" - "data de publicação no recanto"). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Mulher Boazinha

MULHER BOAZINHA

A Mulher "Boazinha"
(reedição)


Somos gente, fazemos parte da nação, do Planeta. Determinar um só dia para comemorar seja lá que data for, a mim deixa a impressão de que se precisa de um dia para pedir perdão ou desculpas. Como por exemplo, hoje, Dia Internacional da Mulher.

Hoje todos nos defendem, querem nos proteger e até nos fazem belos poemas. Hoje somos mulheres “boazinhas”, “coitadas”, “contextualizadas”, dignas de flores. Esta beata necessidade de declamações uma vez ao ano a essa mulher “boazinha”, de alguma forma soa como mais uma discriminação velada, já que não temos o dia dos homens.

Não somos toda essa beleza e formosura que fantasiam reconhecer somente em dias de mulheres. Somos também paus e pedras, composição hormonal, perigo iminente.
Desconstruimos gente, assaltamos lares, aceitamos ser amantes.

Somos voluntariado, ou neurótico caminho. Não temos meios termos, podemos um dia ser rosa e no outro insuportável espinho. Além de petulantes, somos malvadas, mesquinhas e revoltadas; temos vícios, masturbações, prostituições, especialmente se carentes.

Na estratégia fazemos inveja aos grandes senhores da guerra. As armas que dispomos e usamos com maestria, embora herdadas são irreveláveis até mesmo em confissão.

Somos gente, pessoas normais que a Natureza quis tivéssemos um útero e dois ovários para parir e preservar a espécie, para o que facilmente viramos bichos, feras que se acuadas ou coagidas não reconhecem limites para a sua sanha. Nas injustiças, fomes e misérias somos os piores adversários que alguém pode querer.

Somos gente que como tais querem ser tratadas. No more, no less.
Não somos deusas, só imortais!

Soaroir Maria de Campos
08/03/07
(uma inspiração sem transpiração, por isso não considerem os erros. Afinal.. hoje sou só mais uma mulher boazinha…)

 
Soaroir em 08/03/2007
RL Código do texto: T405274

Mulheres de Africa


Hoje eu sou de África

Mãe de leite, mãe de fé

mulher

Faminta mãe de filhos doentes

carente

Emburcada, descalça, empoeirada

violentada

Com abocados filhos varão

o Corão

Refugiada de lugar nenhum

Cafarnaum

Com as forças d’alquiler

sou mulher

Brava mulher africana

Hoje eu sou mwana.

Soaroir Maria de Campos3/3/2007

A Mulher Indígena

Homenagem ao Dia Int.da Mulher

Estavam por aqui antes de nós
no entanto, por suas causas
não ouvimos nenhum alvoroço.
Uma Prece:
ORÉ
Oré r-ub, ybak-y-pe t-ekó-ar,
I moeté-pyr-amo nde r-era t'o-îkó
T'o-ur nde "Reino"!
Tó-nhe-monhang nde r-emi-motara
yby-pe.
Ybak-y-pe i nhe-monhanga îabé!
Oré r-emi-'u, 'ara-îabi'õ-nduara,
e-î-me'eng kori orébe.
Nde nhyrõ oré angaîpaba r-esé orébe,
oré r-erekó-memûã-sara supé
oré nhyrõ îabé
Oré mo'ar-ukar umen îepe "tentação" pupé,
oré pysyrõ-te îepé mba'e-a'iba sui.
Soaroir 7/3/07

terça-feira, 6 de março de 2012

A Cor da Alma


Minh'alma
 © Soaroir 18/05/08



 
imagem google


Caucasiana de vó e vô,

De graça tenho nos olhos

O verde de muitas bandeiras

E a alma furta-cor;

Cromia e sintonia de Matisse e Strauss,

Fonias de tons, Jobim e semitons;

Folias contrastando philias,

Mistura de azeviche encarnado

E mamelucos prateados;

Matizes de acordes difusos,

Entre azevinhos e paus-brasil,

Minha alma cora ao sol

Na luz intensa do Sul.

A Sombra de Minh´alma

vela na janela

Salvador Dali


by Soaroir de Campos
4 de Julho/2009
"A sombra de minh'alma"


A sombra de minh’alma

Tem nova companhia

Às vezes ela se mostra

Junto com a da poesia.

Nessa nova exitância

Mantem seu endereço

Cansou-se ela deveras

Dos meus sombrios tropeços.

Para poder encontrá-la

Acendo uma vela

Debruço na janela

E espero a chegada delas.

domingo, 4 de março de 2012

Procura-se um Arteiro

Procura-se um Arteiro
© Soaroir Maria de Campos
1º de junho/2008
 
 
imagem/google

Hoje quero fazer arte no silêncio
das oito e da cidade;
Virar cambota com a neblina,
Deslizar na gangorra da enxurrada,
Me lambuzar nos pingos de champagne
da chuva que sem parar cai;
Jogar baleba com os ventos do Sudeste
comendo uma mariola envolvida em versos.
Hoje, neste domingo cinzento,
Sem revirar os guardados
Nem atirar porta afora o passado,
Ou glosar meus arrependimentos,
Quero, pulando num só pé,
jogar amarelinha em direção ao céu.
E ainda, com estes versos picados quero
subir bem alto num balão - coisa minha,
cá com meus botões,
E como se fossem bandeirinhas...
Soltá-las da mais alta nuvem
Em direção a outro arteiro
Que por bem comigo queira
lançar do pião a fieira.

Perdido na Net XXXV

A poesia da Natureza

Composição: Soaroir de Campos / Poetas Del Mundo
22/11/09 http://pote-de-poesias.blogspot.com/2009/11/natureza.html
Idem in http://diarioecologico.wordpress.com/

Liberdade da Natureza
que natureza tem a Natureza
de sem capricho algum
ornar com tomates
um jardim suspenso
no décimo segundo andar?

eu? Só cortei um descartável
ao invés de mandar pro lixo
plástico não degradável
e lancei restos pra adubar
e Ela sem capricho algum
selecionou a bel prazer
um exemplo de amostra
que fome não tem lugar
se o homem conscientizado
cuidar do que é Dela
o resto Ela assume
e sabe bem aproveitar.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Premonição

O Segredo dos Olhos
Copyright Soaroir


obra de Teresa Robalo (Olhar de Olhares)

Minha poesia muda
Pelas oportunas lágrimas
Diante de teus olhos
Definitivamente cerrados
Na absurda face morta...
Velada hoje - até agora
Por muitos (e muitos) olhos
Sem (qualquer) visão da morte.



(homenagem póstuma - de improviso)
Soaroir
27/2/10
(À Carmina)

Homenagem Póstuma

Homenagem Póstuma
Copyright Soaroir
Sexta-feira 02/03/2012





Sintomas indecifráveis, quando temos notícias de morte, especialmente quando de protagonista do passado, mesmo se conturbado, figurante memorável no tablado da nossa existência.

Há duas espécies de protagonista em um mesmo homem. O visível que se lhe obrigam a consumir a alma, esta somente visível àqueles com semelhança que, embora da coxia, o aplaudem, se entristecem e choram quando cerram as cortinas e seus olhos.

Descanse em Paz Fernando.




Soaroir
 02/03/2012
 RL Código do texto: T3530779