Tempo de Cais



Conforme o tempo avança
lembro-me cada vez mais
do tempo quando eu criança
corria ao sol no cais.
Vau que inda hoje aliança
amigos, parentes e pais
outros de minha privança
liames de mesmos ais.


Soaroir Maria de Campos
  10/12/06

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Deus e o Poeta

Coleção - Perdidos na Net

*DEUS E O POETA*
(fiat vatis...)
By:Soaroir de Campos

http://pote-de-poesias.blogspot.com/


Depois de criar o mundo,
depois do sétimo dia ,
o Senhor de todas as artes
pensou com poesia:
como seria uma criatura
pra versar sobre a criaria.
quem não fosse só profeta,
esse já tinha sua missão;
nem tampouco só filósofo,
detentor da verbal esgrima.
precisava de criatura completa
que soubesse convencer com rima.
ai Deus criou o poeta.
mas antes do fato acabado
fez-lhe séria consideração
- este é um mundo só seu
não dependa de aprovação
haverá dias em que nem Eu
poderei lhe dar inspiração.
e o poeta, cheio de aflição
passou então a depender
unicamente de devoção
ao seu ofício de escrever.

Soaroir
Enviado por Soaroir em 20/10/2008
Código do texto: T1237802

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Universo Retraído



foto by/Tucalipe




Universo Retraído
© Soaroir 2/8/08

“O Vestido” releio.

Visto qualquer coisa. Parto.

No quarto do meio

Procuro um veio.

Dia cheio de nada.

[Nem a poesia veio.

O mote do dia não veio.

A chuva prometida não veio.

O pastel da feira não veio.

[Sequer a vontade veio.

A palavra não veio.

O Verbo não veio.

A rolinha não veio.

[Nem a fome veio.

Será medo da liberdade?

[Não sei.

A promessa não veio.

A dor não veio.

A solidão não veio.


[Nem a tristeza veio.

A sorte não veio.

O riso não veio.

A cura não veio.

[Nem o remorso veio.

Dia cheio de nada.

A poesia não vem

Será medo da liberdade?

[Não sei.

Virei refém.

Amanhã, quem sabe...



Obra original também disponível em:
http://www.overmundo.com.br/banco/universo-retraido

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Tres Vezes eu te Renego

Três vezes eu te renego

© Soaroir de Campos 3/1/09


imagem/google


Gazeante memória que como pássaros
migra para convenientes pastagens
deixando para trás o campo seco
que um dia fértil os acolheu
e proveu-lhes ninho.
Três vezes eu te renego desmemória
pelo tempo que, se para alguns pouco,
entretanto bastante foi o dormir em concha
roçando as coxas e beijando as costas;
enroscando os pés nas noites frias
e refrescando os dias de tempo quente.
Por esta recusa em enxergar os prós
e por te enlear somente aos contras
guincho como um texugo alvoroçado
recusando-me a esquecer de te lembrar
de que um dia guardaste amor de quem,
talvez, ainda ame em paralelo.
 

"Poema sobre a Recusa"
(baseado in "Vozes e Olhares Femininos"
de Maria Tereza Horta
dedicado a rgs

Para Poesia on-line do RL
Enviado por Soaroir em 03/01/2009
Código do texto: T1365538
    

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (©Soaroir Maria de Campos em "link para obra original" - "data de publicação no recanto"). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Imagens de Natal

Coleção Perdidos na Net

Imagens de Natal

Imagens de Natal
© Soaroir Maria de Campos
Dez.21/2007 - 11:16 "Natal"


Vou tirar de sob a cama as velhas imagens
Feitas com o barro quando ainda havia chuva
Montarei meu presépio novamente
Junto ao único verde existente cacto gigante
Com seus frutos como enfeite
E algodão pra dizer que é neve
Pra ver se Papai Noel olha pra cá
E se lembre do nosso pólo norte
Mesmo se já passar da meia noite
E se as renas já estiverem cansadas
Não precisa parar, pode mesmo varejar
O que no fundo do saco tenha sobrado
Talvez uma bola sem ar
Um carrinho faltando as rodas,
Uma rabeca sem cordas,
Uma boneca quebrada,
Quem sabe alguém não estava em casa
Ou a lareira estava ligada,
Ele não pôde chegar e sobrou um brinquedo?
Continuarei esperando pelo Papai Noel
Embora bem saiba que ele não vem
Mas quem sabe este ano Ele se lembre
Que já fui criança também?
 
 
 Soaroir em 21/12/2007
RL/Código do texto: T787234


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Cordelista de Brejo Santo

Coleção Perdidos na Net





S ua alegria me conquistou
O seu sorriso me alegrou
A amizade iniciada na internete
R aizes agora aprofundaram
O
nosso encontro foi providencial
I ndispesável pela vontade de Deus
R
ealidade quase inacreditável.



Acróstico dedicado a amiga que encontrei em São Paulo.
marineusa
Enviado por marineusa em 09/07/2008
 
 
  19/09/1945 - 05 de junho de 2010

Amei-te. Não te amo agora.

Coleção Perdidos na Net
Amei-te. Não te amo agora.
Soaroir 13/1/09


imagem/google


Perdida te encontrei sob as touceiras de um oásis
Entre miragens me descrevias dunas e vidas em tundras
Tateias cansada. Confusa beduína a sede te enfraquece -
Justo à beirada de teus jardins - desfaleces
Ante o “poço do juramento” - amando mais a sombra
Do que as tâmaras de Negev.
(mote "Amar Você")

Para Soaroir

Coleção Perdidos na Net

"Saudação para alvorecer"

Autoria: Dudu Oliveira
Para Soaroir


A Soaroir

Para amanhecer
Quero uma lição de pedras,
A humildade efemera do orvalho
E a generosidade das trevas...

Para amanhecer
quero o destino do grão
e o anonimato do sabugo.

Uma miséria de pão
E a contrição do soluço

Enquanto é noite
Enterneça na candura da lágrima,
Subverta a censura do orgulho
E, assim, depois, amanheça...
Soaroir
Enviado por Soaroir em 16/04/2009
Reeditado em 16/04/2009
Código do texto: T1542402

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Minhas Palavras

© Soaroir 8/12/08











Quisera meter as mãos no barro
E os pés pelas mãos;
Moldar como peças minhas
Letras únicas e cuneiformes
Para meu pote de poesias;
Teria meu próprio dicionário
De verbos e adjetivos alforriados
De grau, tempo e lugar;
Para livremente prosearem,
Subiria então no mais alto monte
Esfarelando o abecedário;
Assistiria as palavras se juntarem
Da forma que elas se decidem me falar.
Entre dois espaços em branco
Pontuação, advérbios e numerais
Quisera eu… pois
Mantendo meus pés no chão
Doar meu particular significado
Aos vocábulos enjaulados
Em outras convicções.



Mote:
POETA, A PALAVRA É TUA!
"Fala. Escreve. Sonha. Ama. Chora . RiPoeta, a palavra é tua!Ela é o fio que leva nossos sentimentos.Sentimentos secos, frios, loucos, mudos, com som, paixão,O sentimento da tua arte. Tua arte.Se escreves palavras coloridas - pintas.Se ela tem movimento é dança;Se ela é harmonia, falas em música.Se tua palavra é barro que coagula - falas por escultura.Se falas em escritas - é verso , é poesia.É vida!Fala, escreva sempre, tuas palavras hão de corrermundos, montanhas, oceanos, brisas, lágrimas,elas te trarão ao retornar alento e bem querer.Poeta, escultor de sentimentos em palavras!" Delasnieve Daspet

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Resposta a um poeta suicida

Não leve tudo que direi ao pé da letra. É que hoje completo 65 anos.
Nasci pequena, cresci desacostumada a grandes aplicações;
em seguida investi tudo no mercado de capital aberto;
os índices das ações flutuaram... hoje vivo
dos dividendos distribuidos ,
em/de cada exercicio social.
Soaroir 14/6/12




Bolsa de valores
© Soaroir Maria de Campos - 16/10/07 15:52
P/poesia on-line do RL "O que perdemos por orgulho"

No leilão da vida pus preço
Nas ações de meu orgulho
Apregoado na bolsa da razão
Vieram os lucros e dividendos.
Ao final do pregão, arremates
Entre as perdas e os danos
Na dação em pagamento
Comutei meu patrimônio.
Não invisto mais em orgulho
Seu destino é a insolvência
Fico com o líquido e certo
Sem encargos, a modéstia.
Soaroir
16/10/2007

Cantiga d'amor tupiniquim

Cantiga d'Amor tupiniquim

Declaração de amor a Lingua Portuguesa
Soaroir 07/10/07 10:21

 

Senhora minha, desde que vos ouvi,

Lutei para dominar-vos com paixão

Oh castiço vernáculo de minha nação...

Que saibam todos deste meu amor,

E da tristeza que tenho, não ser trovador

Mesmo que a vida eu passe a vos servir.

Se aceitardes este meu inerudito cantar

Graça maior não ousarei vos rogar

Dona, que em vosso poder me tem,

Vós sois, suserana fala, meu valioso bem.

 
Soaroir
Enviado por Soaroir em 07/10/2007
Reeditado em 11/10/2007
Código do texto: T684362
p/poesia on-line do RL
Mote: "Uma cantiga de amor, medieval"

segunda-feira, 11 de junho de 2012

diario d´un autoestopista

diario d´un autoestopista ¹
Soaroir 15/9/10

 mote: andarilho

imagem/google


Um homem calvo calça preto
E o outro pé sem nada
Carregam seu guarda-roupas

Blusas e blusas caqui
Todas as suas mudas
De uma vida errante

Deus... quanta coisa passa
Lá em baixo

E continua...




nota da autora:
¹ caroneiro
(nômades n respeitam fronteiras
em busca de melhores pastos)
Soaroir
Publicado no Recanto das Letras em 15/09/2010
Código do texto: T2499067

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Achados entre os Perdidos


Achados entre os Perdidos

By Soaroir de Campos
Arrumando as velhas papeladas encontrei esta homenagem da escola do meu filho.
Acho interessante juntarmos nossos arquivos, independente do tema.
Bjs


Subject: Mãe
Data: Maio 1983
Fonte: Escola Olímpica
Autor: I. Almir R Guimarães

Eu te bendigo, mãe humilde e mãe rica,
Mãe preta e mãe branca, mãe
Do presidente e a do lixeiro;
Mãe dos fracassados e as dos bem sucedidos!
Eu vos bendigo mãe que foste abandonada
Por teu marido e agora tens somente
O tesouro de teus filhos que saíram
de teu seio!
Eu te bendigo, mãe de filhos assassinos, de filhos
Que estão nas prisões; que trilham pelo caminho
Do vício e da perdição
Porque a tua cruz é enorme
Eu te bendigo, mulher que querias ser mãe,
Que alimentaste em teu seio a vida de filhos
Que nunca chegaram a ver a luz do dia
Eu te bendigo, mãe que tens um filho
Incompreendido, injustiçado, perseguido,
Marginalizado, porque tu és uma cópia
Da mãe do meu senhor Jesus!
Eu te bendigo, Maria, Mãe Santa
De Jesus Cristo,
Mãe de minha esperança, porque tu és a humilde,
a pequenina,
A serva do Senhor e minha Mãe!

domingo, 3 de junho de 2012

Para Sempre

Ad aeternum
© Soaroir
8/11/08




Abraça-me com o amor

E beija os pequenos instintos

Como desejaria beijar-te

Ainda do coração

Tua menina moça

Não receies da aparência

Deus não há de permitir

Que somente eu envelheça

Resta-nos ainda, pois,

Além da leve promessa

ad aeternum morrer

De amor e (ainda) viver